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Confiança pela retomada do faturamento nos restaurantes chega níveis pré-pandêmicos.

Pela primeira vez desde o início da pandemia do coronavírus no Brasil, entre o final de fevereiro e meados de março do ano passado, o Índice de Confiança das MPE de Serviços, das micro e pequenas empresas e que inclui o setor de alimentação fora do lar, não alcançava um nível tão alto de otimismo entre os operadores.

É o que revela a mais recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas com o Sebrae, divulgada no final da última semana. De acordo com o levantamento, o índice cresceu 5,3 pontos em junho e chegou aos 92,2, apenas um pouco menos do que foi registrado em fevereiro de 2020, com 95,1.

A avaliação das entidades é de que os empresários estão com uma percepção de melhora na retomada da economia com a atual situação da pandemia no país, em que a média móvel de casos vêm caindo semana a semana e a vacinação avançando para grupos de idade cada vez menores. Em São Paulo, por exemplo, a prefeitura começa a vacinar pessoas com 37 anos já a partir desta segunda (12), enquanto que o Rio de Janeiro e Curitiba já imunizam cidadãos da faixa dos 40.

Embora haja um pouco de lentidão no avanço da campanha de vacinação, com sucessivas interrupções por falta de doses, o presidente do Sebrae, Carlos Melles, explica que o cenário amplo da vacinação já dá uma sensação de segurança para os empresários planejarem os próximos meses.

“O avanço da campanha de vacinação combinado com o auxílio emergencial e a MP do BEm ajudaram a melhorar a situação econômica, e provocaram nos índices de situação atual um forte aumento. Também houve um avanço na expectativa de contratação de mão de obra para os próximos meses por parte dos empreendedores”, destaca.

O levantamento da FVG e Sebrae aponta, ainda, que o bom resultado deste mês recuperou o que havia sido perdido no primeiro trimestre, o que representa um ambiente mais favorável para os pequenos negócios.

Apesar das dificuldades ainda enfrentadas, como caixas comprometidos com empréstimos e contas atrasadas a pagar, os estabelecimentos de alimentação fora do lar responderam especificamente por 2 pontos na mediada do MPE-Serviços.

Confiança e faturamento
O crescimento do índice de confiança em junho acompanhou também o avanço das vendas no varejo, de acordo com o boletim mais recente do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). O levantamento apurou um aumento de 21% em maio na comparação com o mesmo mês de 2020, com destaque para os bares e restaurantes.

Embora a análise de junho ainda esteja em apuração, o que se vê é um avanço gradativo desde março, quando o índice começou a recuperar as perdas acumuladas desde dezembro, quando a pandemia voltou a provocar o fechamento do comércio em parte do país. Pedro Lippi, head de inteligência da Cielo, explica que já se vê uma recuperação em breve do faturamento em níveis pré-pandêmicos.

“Em termos nominais, os resultados de maio deste ano mostram que estamos próximos do patamar registrado antes da pandemia, embora ainda cerca de 3% abaixo do observado em maio de 2019”, explica.

O aumento da confiança ajudou também na criação de empregos no setor, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No âmbito geral, foram cerca de 100 mil novas vagas, sendo pouco mais de 7 mil apenas no setor de alimentação.

Caixa comprometido
Enquanto o faturamento semelhante ao verificado antes da pandemia esteja próximo de ser reconquistado, o mesmo não se pode dizer do caixa dos empresários do setor. Dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) apontam que 73% dos estabelecimentos estão com dívidas de aluguem, impostos e empréstimos bancários corroendo os ganhos.

Paulo Solmucci, presidente da entidade, explica que estes negócios que conseguiram se manter em pé ainda terão de dois a cinco anos de trabalho para recuperar tudo o que foi perdido. Para ele, o setor pagou uma conta injusta e desproporcional.

“Os restaurantes brasileiros estão faturando hoje em torno de 60% a 80% do que seria normal”, analisa.

Ainda de acordo com o Sebrae, mesmo com o crescimento da confiança dos empresários, a expectativa de retomada plena dos negócios segue atrasada por conta da lenta campanha de vacinação. A entidade estima que a recuperação deve começar apenas por volta de 10 de novembro, quando 100% das pessoas com mais de 25 anos podem estar imunizadas.

Por Guilherme Grandi / Foto: Bigstock

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