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Restaurantes e lanchonetes preveem faturar R$ 218,2 bilhões neste ano

Após amargar uma perda de aproximadamente R$ 34 bilhões em 2020 por conta das medidas de distanciamento social para evitar um contágio maior da Covid-19, os restaurantes e lanchonetes brasileiros preveem fechar este ano com um faturamento perto do visto antes da pandemia.

É o que aponta a pesquisa IPC Maps de potencial de consumo dos brasileiros, divulgada recentemente com base em dados oficiais. Segundo o levantamento, as operações de alimentação fora do lar vão faturar R$ 218,2 bilhões neste ano, contra R$ 226,4 bilhões em 2019 – último ano sem a presença do coronavírus no país.

São apenas cerca de R$ 8 bilhões de diferença, o que mostra um resgate da intenção de consumo dos brasileiros em 2021. Para se ter uma ideia, o ano passado, que teve apenas três meses com uma situação “normal”, com faturamento de R$ 192,8 bilhões nos estabelecimentos.

O levantamento leva em consideração o consumo fora do lar de refeições, lanches, cafés da manhã, refrigerantes, cafezinhos, caldos, cervejas, chopes e outras bebidas alcoólicas.

Segundo Marcos Pazzini, CEO do IPC Maps, os números globais da pesquisa revelam que a intenção de consumo dos brasileiros terá um crescimento de 3,7%. Pode parecer muito para apenas um ano, mas é pouco frente às profundas perdas que toda a economia sofreu em 2020.

“O consumo das famílias caiu quase 6% em 2020, então é um processo de recuperação importante para a economia como um todo. Isso mostra que os setores de comércio e serviços estão voltando a vender mais e retomando um cenário um pouco mais normal de faturamento”, explica.

Ainda assim, a economia do comércio e de serviços continuará com um saldo negativo de aproximadamente 3% na comparação com 2019, que deve ser diluído nos próximos dois anos se nada mais acontecer no meio do caminho.

Esta recuperação vem acontecendo principalmente por conta do controle da pandemia no Brasil pelo avanço da vacinação, que já leva as pessoas de volta às ruas a partir da queda no número de novos casos e a consequente flexibilização dos decretos sanitários.

Alimentação
No apanhado geral do relatório, o setor de alimentação e bebidas como um todo terá um faturamento de R$ 716,8 bilhões, volume maior do que em 2020 (R$ 629,5 bilhões), mas ainda 11,2% menor do que em 2019.

Naquele ano sem a presença do coronavírus no dia a dia do país, o setor de alimentação dentro e fora do lar alcançou a cifra de R$ 806,7 bilhões, sendo apenas 18% de consumo nas ruas. Neste ano, este número será 15% menor, por causa da grande quantidade de estabelecimentos fechados.

“Recuperar isso agora quando as coisas começam a voltar ao normal é um pouco mais demorado, porque eram empresas sem estrutura, sem capital de giro para permanecerem em pé. Então temos uma menor quantidade de operadores no mercado”, analisa Pazzini.

De acordo com ele, a retomada plena deste segmento da economia ainda vai levar mais um tempo principalmente para os negócios que não se estruturarem profissionalmente. Estes ainda vão sentir os impactos da crise com boa parte do caixa comprometido com o pagamento de dívidas contraídas ao longo da pandemia.

Marcos Pazzini afirma, ainda, que a quantidade de negócios fechados definitivamente no Brasil pode ser ainda maior do que o apurado oficialmente, já que muitos empresários não dão baixa nas empresas na Junta Comercial de suas cidades. O IPC Maps apurou que, dos 1,8 milhão de restaurantes, bares, lanchonetes e ambulantes existentes no Brasil em 2019, 78 mil fecharam as portas logo no início da pandemia.

Já o número oficial de fechamentos ainda não está completamente apurado, de acordo com ele. Mas, estimativas da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e Associação Nacional de Restaurantes (ANR) apontam em torno de três a quatro estabelecimentos em cada dez que não sobreviveram aos impactos da Covid-19.

Empreendedorismo
Por outro lado, o levantamento do IPC Maps apontou que o país ganhou, 1,7 milhão novos negócios apenas neste ano de 2021, o que mostra uma recuperação do setor principalmente com o chamado “empreendedorismo de necessidade”.

O número encontra paralelo com pesquisas semelhantes de outros institutos, embora com diferentes estatísticas. No começo de agosto, o “Empresômetro”, spin-off do Instituto Brasileiro de Pesquisa Tributária (IBPT), indicou a abertura de 16,6 mil restaurantes, lanchonetes, casas de suco e similares nos primeiros seis meses deste ano, sendo 85% deles de negócios independentes.

Já no levantamento do IPC Maps, a apuração é mais abrangente e engloba todos os tipos de serviços de alimentação e bebidas, dentro e fora do lar. Isso mostra, segundo Marcos Pazzini, que os empreendedores também estão de olho na retomada do consumo pelos brasileiros pela chamada “demanda reprimida” após meses de limitações.

Com isso, ele estima que a recuperação plena do setor deve ocorrer até o final de 2022 e início de 2023.

Por Guilherme Grandi
Foto: Bigstock


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