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A ressignificação do papel do distribuidor de alimentos no foodservice

O distribuidor de alimentos no foodservice, assim como todos os elos do segmento, passou esses últimos anos se questionando sobre os melhores caminhos para manter a conexão com seus clientes, além de assegurar o crescimento e a perpetuidade do seu negócio.

Inegavelmente o mercado brasileiro passa por um processo de profissionalização dos operadores. Ainda distante do que ocorre em mercados maduros, porém, em rota evolutiva.

Os distribuidores seguem na ampliação da transformação digital com sistemas de picking, monitoramento de rota, inteligência para predição de volumes, CRM e e-commerce.

Porém, seguem em alerta diante das mudanças do mercado de abastecimento. As indústrias criam plataformas próprias para reduzir a desintermediação, devido à quantidade de dados que possuem das transações dos operadores criam soluções de fornecimento, empresas de softwares criam clubes de compras e tudo isso vai gerando novos contornos para o setor.

Os distribuidores também possuem suas armas. São anos de relacionamento próximo aos seus clientes. Muitos ampliaram suas verticais de fornecimento para serem reconhecidos como o melhor do “one stop shop” no abastecimento de negócios de alimentação fora do lar. Apoio culinário em conjunto com indústrias ou individualmente, canais para capacitação, ou seja, todos seguem ativos para fazer a diferença.

O que houve de novo no último ano e meio, com o cenário da pandemia, foi a intensificação no abastecimento aos mercados (pequenos e médios) e padarias, que seguiram em funcionamento durante todo o período.

Além disso, houve o foco e o desenvolvimento de soluções para o dark food market, ou seja, o mercado de dark kitchens, com soluções de entregas diferenciadas, uma vez que as áreas de armazenamento dessas operações são muito pequenas. Com o crescimento dos volumes de vendas no delivery, as empresas também promoveram suporte aos clientes menos experientes nesse canal, com soluções em embalagens, e até suporte na elaboração de cardápios, por exemplo.

Mas foi preciso fazer muito mais dada a velocidade das mudanças. Compreender as dores dos operadores é fundamental. E quem melhor do que o distribuidor de alimentos, que está em contato quase que diário com os seus clientes, para compreender esses desafios?

Crédito sempre foi uma dor, intensificada pelos efeitos da crise causada pela pandemia. Para se proteger e reduzir riscos, tradicionalmente o mercado de distribuição trabalha de maneira muito cautelosa a liberação de crédito.

Porém, as taxas para operações financeiras de recebimento via “maquininhas” de cartão e para antecipação de recebíveis pressionam ainda mais o já reduzido lucro dos operadores de foodservice, reduzido pela inflação de alimentos e pela dificuldade em repassar aumentos aos consumidores.

Entendendo como oportunidade o novo cenário de Open Banking promovido pelo Banco Central, foi concebido a quatro mãos entre a Gouvêa Foodservice e a Omniroosts (unidades da Gouvêa Ecosystem) e a Bidfood Brasil, empresa membro do Grupo Bidfood, presente em 23 países e especialista no setor de distribuição de alimentos, o Bidfood Bank.

O desenho foi totalmente centrado no operador de foodservice e em caminhos para tornar sua jornada de acesso ao crédito mais simples, justa e positiva. Boa parte das antecipações de recebíveis é feita para a aquisição de mercadorias e o modelo desenvolvido permite a redução das taxas envolvidas em dois momentos dessa operação, além de acelerar as vendas por meio de serviços ao consumidor final, bem como diferenciais a serem oferecidos para a equipe.

Certamente essa iniciativa ajudará a recuperar negócios tradicionais, além de criar uma oportunidade de fortalecer a conexão da Bidfood com os novos gestores do foodservice provenientes das gerações Y e Z, que são mais digitalizados e, portanto, fazem suas compras via plataforma de e-commerce e valorizam relações digitais sem atrito, porém focadas no capitalismo consciente. Num círculo em que todos ganham mais e ganham juntos.

A ressignificação do papel dos atores do mercado do foodservice só acontecerá com protagonismo, visão de futuro e coragem para inovação.

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
Imagem: Envato

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