“Me vê três pãezinhos e mais uma dica de onde jantar esta noite ou uma promoção de um plano de celular”, pergunta o cliente ao atendente da padaria da esquina de casa. Um diálogo impossível de acontecer em um primeiro momento, certo?
Mas é exatamente a isso que se propõe a PremiaPão, uma agência de anúncios em sacos de pão que os entrega de graça às panificadoras, sem custo algum, em troca de ser um canal de publicidade de outras empresas não concorrentes entre si. As embalagens se tornaram algo como um jornal, onde os clientes consomem o produto – no caso os pães em vez de notícias – e são impactados pela publicidade que paga a conta da produção delas.
Aberta desde 2015 no Recife, a agência hoje atua em 21 estados do país e no Distrito Federal, com 1,5 mil padarias que receberão de graça, até o final do ano, 4,7 milhões de embalagens publicitárias. Para elas é um custo a menos no final das contas, que pode ser direcionado para melhorias na infraestrutura ou para compensar a queda do movimento causado pela pandemia do coronavírus.
Cada panificadora recebe entre 3 mil e 5 mil embalagens a cada nova campanha publicitária, que dura em torno de 30 dias. A quantidade varia de acordo com o tamanho do negócio e clientes atendidos, mas sem custo algum em troca do compromisso de utilizar apenas estes sacos.
Por outro lado, o custo de produção fica a cargo das empresas anunciantes, que pagam cerca de R$ 500 por módulo de anúncio que será impresso em 30 mil sacos/mês, em média. Um custo que, por estar diretamente na mão do cliente, acaba tendo um alcance acessível principalmente para pequenas empresas que dificilmente teriam acesso à publicidade de veículos de comunicação.
Raphael Mattos, CEO da PremiaPão, explica que a ideia da agência é ser uma mídia alternativa do tipo “ganha-ganha”, em que a padaria elimina um custo das despesas e as empresas anunciantes chegam diretamente nas mãos dos potenciais clientes independente da preferência deles por um ou outro veículo.
“Então se estamos falando de uma padaria de bairro, vai gerar uma economia de até R$ 1 mil neste tipo de embalagem, e o anunciante tem ali uma mídia inteligente para ele poder trabalhar. O saco de pão entra na casa das pessoas naquele momento agradável do dia [da refeição] em que o cliente está levando o saquinho para dentro do lar”, conta.
De acordo com ele, essa vantagem para todos os participantes da cadeia se explica pelos números: 95% dos brasileiros consomem pão, o que torna a embalagem ainda mais atrativa.
Vamos empreender?
Usar os saquinhos da PremiaPão não é vantagem apenas para as padarias, que eliminam o custo com embalagens, e nem somente para os anunciantes, que pagam pouco pelo espaço. A marca atua no sistema de franquias, onde a sede continua no Recife e as demais cidades são tocadas por franqueados.
Hoje são 124 empreendedores que participarão de um faturamento projetado em R$ 9,7 milhões neste ano, um aumento de 30% em relação a 2020. São três modelos de negócios que partem de R$ 10 mil da taxa de franquia (varia de acordo com o tamanho da cidade), royalties a partir de R$ 540 ao mês, e mais a impressão e a distribuição de cada campanha de embalagens – em torno de R$ 7 mil. Todo o faturamento restante fica como lucro para o franqueado, sem nenhuma taxa a mais.
“O nosso modelo de negócios é de franquia ‘home based’, onde o franqueado trabalha em casa e tem um contrato de exclusividade para a região desejada. Temos uma ferramenta de estudo de geomarketing que mapeia a área de atuação de acordo com o modelo de negócios comprado”, explica Raphael Mattos.
A partir disso, a PremiaPão entrega todo o kit de trabalho com manuais e demais procedimentos para começar a fazer a prospecção de padarias parceiras e possíveis anunciantes. Há, ainda, campanhas que são fechadas por mais de uma praça, com o rateio proporcional às tiragens compradas, geralmente por grandes empresas que acabam adquirindo todos os 34 módulos disponíveis.
E há, ainda, ações de fidelização para incentivar os clientes a continuarem comprando naquela padaria. No topo de cada embalagem da PremiaPão há um espaço reservado para a ação “Saquinho Premiado”, onde mensalmente são sorteados prêmios como aparelhos eletrônicos viagens, etc, para fidelizar os clientes.
“O consumidor do pão é aquele que até então não estava sendo beneficiado [pelo produto]. Ele recebia o saquinho que tinha as informações locais e mais nada. Então criamos e vinculamos o marketing promocional ao sorteio”, explica Raphael Mattos.
Os prêmios sorteados são bancados pela própria empresa, sem nenhuma cobrança extra dos franqueados.
Retenção de franqueados
O CEO da agência ressalta que, embora o negócio tenha uma viabilidade facilitada pelos custos menores se comparado a outros segmentos, o franqueado precisa atuar diretamente no dia a dia da franquia. Ele é que será responsável por criar o relacionamento necessário com as padarias e as empresas anunciantes, para tornar o negócio sustentável e duradouro.
“Já tivemos cidades em que os franqueados não pegaram tração, por terem outras ocupações e afazeres e acabaram fechando a unidade. Ao mesmo tempo em que é um negócio muito leve que qualquer pessoa pode entrar, é também um baixo investimento que ela pode deixar a qualquer tempo. É uma dor que estamos trabalhando para sanar”, conclui.
Para isso, a agência está investindo em treinamentos constantes, branding, suporte e filtros para a seleção criteriosa dos franqueados.
Raio-X – franquia PremiaPão
Taxa de franquia: a partir de R$ 10 mil, dependendo do tamanho da cidade.
Royalties: a partir de R$ 540 ao mês.
Custo por produção: aproximadamente R$ 7 mil de impressão e frete a cada nova campanha.
Lucro estimado: R$ 7 mil com a venda dos 34 módulos de anúncios.
Contato: através do site da PremiaPão.
Por Guilherme Grandi
Foto Lucas Leonidas/divulgação